segunda-feira, 11 de junho de 2012

Keep The Chill Chillin: Minha Alma


Hola, Cabrons. Tudo Chillin?? Espero que sim. Depois de um feriado em que aprendi mais coisas do que em muitos anos de vida, vou compor algo aqui só para limpar um pouco as ideias da minha mente.

Minha Alma

Talvez minha alma esteja num campo de futebol americano.
Talvez minha alma esteja numa quadra de basquete.
Ou mesmo em algum lápis, querendo rabiscar um papel.
Em um microfone, implorando para gravar uma composição única.

Mas acho que não, ela não pode ter ido para tão longe.
Provavelmente ela está em meu joelho direito.
Presa, na verdadeira angustia de voltar a guerra.
A guerra da vida, em que todos eram adversários.

Apenas obstáculos para o seu maior brilho: A defesa.
Defesa que era sua obsessão e o terreno que dominava.
Com minha alma podia carregar time e até meu ego nas costas.
Ela não precisava, ou melhor, não parecia ter ajuda.

Todos querendo atrapalhar, por simples desconhecimento da sua intensidade.
Uma paixão que a cada treino superou obstáculos que qualquer amador desistiria.
Febres, vômitos, cirurgias, horário, sanidade, familia.
Nada conseguia parar uma alma que adorava sangue em sua imensa armadura.

Toda sua existência ela aprendeu a se defender de tudo ao seu redor.
A dar toco em bandejas, proteger seus rebotes, derrubar quem tentasse passar ao seu lado.
Um pedaço do único paraíso que ela conhece. O paraíso do altíssimo desempenho.
O paraíso da excelência, do poder quase total de seu destino, de sua história.

Nesse poder que se perdeu em alguns poucos segundos.
Se perdeu na ausência de incentivo e na certeza de fracasso.
Numa dor que machucou o corpo de forma macabra.
A alma estava perdida em uma dor que o treino não mais resolveria.

Como assim o treino não resolveria?? Jordan, Ray Lewis, Terrell Suggs, Ed Reed.
Charles Barkley, Karl Malone, Ben Wallace, Chris Webber e Rodman mentiram?
Não era só treinar mais de 5 horas por dia e eu não alcançaria a excelência?
Pois não mais podia ser assim.

Na fisioterapia, estimulando a ilusão de que dependia de meu esforço novamente.
A chance de provar que poderia ser melhor de novo, apenas uma triste ilusão.
Tão fraca e tão medíocre, que parecia enfim que não era nada além de um homem.
Um homem que o corpo crescia, a alma morria e o joelho enfraquecia cada vez mais.

A minha alegria estava em coma, minha excelência era anônima e o paraíso se foi.
Dançando com o diabo, não acreditando em mais nada do que me ensinaram.
As certezas se esgotaram e a fraqueza da dúvida estava rindo.
Dúvida de que poderia concluir qualquer promessa que sonhava quando era menor.

Basquete, Música, Futebol Americano e até um romance estavam distantes.
A melancolia da minha vida parecia um vicio para quem precisava de paixões.
A fé se foi no tempo e a lógica estava começando a iniciar seu império.
Maldito ego, me ensinou a não requerer a ajuda de nenhum outro ser humano.

A minha alma chamava o tackle, mas as pernas iriam para outro caminho.
Tentei até lidar com pessoas, mas delas eu sempre havia me defendido.
Um mundo novo tenho que atacar, mas atacar sempre foi para os fracos.
Pessoas que acreditavam em talento, enquanto eu sempre quis suar sangue no treino.

Não consigo aceitar, ter uma existência simples em que eu posso me aproveitar do esforço alheio.
Minha alma disso tem medo, todo dia ela me faz um imenso apelo.
Don Ribeiro, seu coração Tonero, me tire desse joelho e nós seremos felizes para sempre.
A dor eu até supero mas a mente não confia mais no corpo, porque a dor foi muito grande.

Imaginar o hospital de novo, é tão desconcertante.
A realidade em cheque, não tem mais possibilidades de virar uma lenda.
Ser ovacionado ou se esforçar para que a vida realmente valha a pena.
Um sonho que não deixa a alma algum minuto se sentir plena.

Preciso atacar, preciso recomeçar, mas agora sozinho já não é divertido.
A paixão se foi então não tem graça viver apenas pelo sacrifício.
A intensidade é muito difícil. Minha vida foi me defender e não me expor.
Mal sei compor, penso apenas no meu joelho e na minha dor.

Ser sincero é complicado, afinal desde pequeno a sinceridade não existiu ao meu redor.
Me lembro porque comecei a defender e a respirar basquete a todo tempo.
Era o meu momento, nas quadras me sentia um monumento com alto desempenho.
Mesmo quando estava perdendo, meu sangue era aquecido pelos acontecimentos.

A gratidão e o reconhecimento, que nunca tive em lugares de conjunto.
Enfrentava um submundo, meu consciente era inconscientemente imundo.
Em casa era sempre o último, por isso o isolamento e as viagens contínuas.
Para não ter caminhada perdida, não contava com ajuda porque ela nunca vinha.

Hoje preciso de ajuda, minha alma está por um fio e Deus está muito distante.
Não vou voltar a jogar, apenas brincar e mesmo que não possa ser como antes.
Só queria me orientar, um norte para a excelência criativa em todos os aspectos.
Espero amar a arte, porque o esporte não pode mais abraçar minha alma.


Vish...Ficou bem maior do que eu achei que seria

Chill Out Cabrons

2 comentários:

  1. Estou na mesma situação, sinto muita saudade da época que eu tinha condições desafiar qualquer coisa, me sentia um super humano. Mas até das coisas ruins você pode extrair coisas boas, se hoje eu não posso evoluir no esporte, procuro evoluir em outros aspectos. Aprendi muito e ainda estou aprendendo, é através das adversidades que eu identifiquei os meu erros.

    Ninguém tem muitos amigos, amigos de verdade são poucos ou nenhum. Aqueles que se apresentavam como amigos ignoraram a minha situação e tentaram me prejudicar fazendo apelo emocional pra voltar lesionado, disso eu nunca vou esquecer, pois não faria com o pior inimigo. Pra mim o FA morreu.

    Dentro das minhas condições físicas encontrei outras opções como a musculação, passeios de bicicleta e até o boxe são opções que me deixa confortável pra praticar pois não exigem muito da minha lesão. No caso do boxe eu posso treinar em alto rendimento, mas não tenho mais a mesma motivação pra levar o esporte a sério, agora eu quero me divertir pois a vida é curta e passei tempo demais me preocupando com rendimento.

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  2. Isso ae Orlandão. Minha mente ta sem estabilidade nenhuma, mas espero que um dia esteja com a mesma mentalidade que tu.

    Vlws mlk doido

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